sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A música na década de 80

Semana da Música - quarta-feira (22/09/2010)



A música na Década de 80

     Após as décadas de 60 e 70, quando o país vivenciou grandes transformações econômicas e sociais, passando de certa ingenuidade coletiva dos anos 50 às dificuldades políticas da ditadura militar, iniciou-se a década de 80 com a população mais esclarecida sonhando com a reabertura política e volta à democracia.
    A economia não apresentava indicadores animadores; o país conviveria com índices econômicos apenas razoáveis e inflação crescente, tudo fazendo crer que nada poderia melhorar a curto prazo. As lideranças culturais e políticas deflagraram o movimento das "Diretas já" em 1983 e 1984. Em 1985, Tancredo Neves foi eleito e simbolizou essa vitória a vontade da sociedade civil contra o candidato dos militares e a retomada do respeito à vontade popular; lamentavelmente Tancredo adoeceu vindo a falecer sem tomar posse em 21 de abril do mesmo ano causando imensa comoção popular; assumiu o vice José Sarney.
    Na economia tivemos que conviver com diversos planos econômicos de promessas mirabolantes e tivemos resultados como Plano Cruzado em 1986, Plano Cruzado II em 1987 e Plano Bresser no mesmo ano e tantas mudanças conceituais desestabilizaram a economia e a grande maioria das empresas foi prejudicada; a inflação atingia 365% ao ano sem perspectivas de diminuição.
    Em 1988 foi promulgada nova Constituição ratificando definitivamente o estado de direito no país. Em 1989 realizou-se a primeira eleição direta para presidente da República em quase 30 anos, vencida por Fernando Collor de Mello.
   Depois do fracasso de 1950 para o Uruguai, em 1982 o futebol brasileiro teve talvez a maior decepção com a derrota para a Itália no mundial da Espanha: o Brasil conseguira formar sob o comando de Telê Santana, uma das melhores equipes dos últimos anos, jogando maravilhosamente bem, mas não chegou ao título. Perdemos também o mundial de 1986 no México.
  O sucesso das telenovelas brasileiras crescia assustadoramente e o Brasil passou a exportador de novelas com muito sucesso; nossas musas televisivas eram Luiza Brunet, Xuxa, Luciana Vendramini e Vera Fisher. O fenômeno do crescimento das bandas de rock nos Estados Unidos e Inglaterra tiveram impacto no Brasil com a criação de inúmeros grupos musicais, as chamadas "bandas". Nessa onda surgiram : "Blitz", "Barão Vermelho", "Paralamas do Sucesso", "Titãs", "Ultraje a Rigor", "RPM", "Legião Urbana", "Engenheiros do Hawaii", "Kid Abelha", "Ira !", "Capital Inicial", "Camisa de Vênus", "Biquini Cavadão" e muitos outros.
     A música sertaneja teve muito sucesso no interior do país desde os anos 20 e 30; esse gênero firmou-se mais ainda nos anos 80 devido ao grande afluxo populacional do campo para as cidades, aumentando assim o público consumidor desse tipo de música.  Graças à grande influência da fabulosa cantora Beth Carvalho, o pagode, praticado há décadas,  passou a ser conhecido nacionalmente; originário das festas e comemorações populares feitas nos quintais dos subúrbios do Rio de Janeiro.     Compositores e cantores já consagrados em outras décadas da MPB continuaram a brilhar nos anos 80: Chico Buarque, Caetano Veloso, Tom Jobim, Djavan, Gonzaguinha, Toquinho, Milton Nascimento, Tim Maia, Roberto Carlos, Gal Costa, Beth Carvalho, Alcione, Paulinho da Viola, Ivan Lins, Simone, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Edu Lobo, Martinho da Vila, Jorge Ben, Fafá de Belém, Rita Lee, Baden Powell e muitos outros. Por outro lado, novos artistas conseguiram sucesso na década: Joanna, Cazuza, Lulu Santos, Sandra Sá, Leci Brandão, Marisa Monte, Leila Pinheiro, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Almir Guineto.
     Com a grande explosão da mídia nos anos 80, principalmente TV e rádio, quando praticamente todas as residências possuíam pelo menos um receptor de rádio e de TV, a divulgação das novas músicas tornou-se muito mais rápida e eficaz, tendo como conseqüência grande disseminação de músicas de má qualidade; objetivos comerciais  sobrepujavam os artísticos. Passou a ser muito fácil tornar “qualquer” música, por pior qualidade musical que tivesse; conjuntos de pequeno valor artístico com dois ou três cantores e duas bailarinas semi-nuas dançando eroticamente passaram a fazer sucesso junto ao grande público, devido à grande divulgação pela mídia.     Lamentavelmente foram rareando as músicas de boa qualidade. Ficou mais pobre a MPB.  

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